quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Professor Doutor Fábio França Responde :




Conte resumidamente o seu histórico profissional desde sua graduação em Relações Públicas.

Sou mestre e doutor em Ciências da Comunicação – Relações Públicas – pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo; tenho licenciatura plena em psicologia e formação como psicólogo; licenciatura plena em Filosofia e diversos outros cursos de especialização

Como é a comunicação interna e externa na organização onde trabalha?

Nas organizações em que trabalhei meu objetivo foi sempre implantar processos globais (não geográficos) e permanentes de comunicação com os públicos de interesse da organização (e não apenas com alguns).
Isso implica: conhecimento dos públicos, definição dos relacionamentos, definição dos objetivos da empresa diante dos públicos, determinação do nível de dependência, participação ou interferência desses públicos na interação com a empresa; e ainda estudo das expectativas da empresa e dos públicos na sua interação.
Essa análise permite estabelecer políticas específicas de relacionamento e de comunicação com cada publico; determinar o conteúdo das mensagens a lhes serem dirigidas, de acordo com suas expectativas, e a seleção das mídias adequadas, visando criar um programa uniforme (verdadeiramente integrado) de comunicação, a ser seguido por todos na organização.
Concebido dessa forma, esse programa é capaz de mudar atitudes e comportamentos dos públicos de acordo com as metas estabelecidas na comunicação e com os objetivos da organização. Esse posicionamento permite mensurar com precisão a eficácia dos relacionamentos corporativos e da comunicação organizacional.


Como você vê o profissional de Relações Públicas no mercado de trabalho?

O mercado de trabalho está aberto para quem quiser fazer carreira em relações públicas, pois a profissão é de nível internacional. Mas, o mercado também é seletivo: quer profissionais que dominem a teoria e as técnicas da atividade, entendam a moderna estrutura administrativa e os negócios da organização; conheçam também planejamento, gestão estratégica, marketing, pesquisa etc. Para ser bem-sucedido, o profissional deve ter visão estratégica de sua carreira e se dedicar com perseverança na busca de seus objetivos, o que supõe muito trabalho pessoal e o conhecimento do “mundo das relações públicas”.

O profissional de R.P que chega no mercado de trabalho está bem preparado? Por quê?

Minha experiência me diz que, em grande parte, não. Conheço muitos projetos pedagógicos desatualizados, que não se preocupam com o futuro dos alunos. As entidades representativas da categoria também não fiscalizam a qualidade do ensino das relações públicas, como fazem de maneira permanente instituições representativas de outras categorias. Além disso, nem sempre o curso de relações públicas conta com os mesmos recursos dados a outros cursos da área de comunicação.
Deve-se, porém, notar que entre os cursos da área da comunicação o que ministra ao aluno uma formação global, mais adequada ao mercado, é o de relações públicas.
Diante desse cenário o aluno deve ter um posicionamento: ele é responsável pela sua carreira e pelo seu futuro. Não será a faculdade, nem a organização que irão cuidar de sua carreira. A universidade transmite o conhecimento necessário; ao deixá-la, pressupõe-se que o aluno tenha uma mente global, capacidade de discernimento, metas e objetivos estratégicos a serem atingidos, isto é, saber para onde vai e aonde quer chegar, e dentro de quanto tempo. Só quem for preparado e audaz será vitorioso em sua carreira.


Você considera o profissional de R.P. valorizado nas organizações? Por quê?

As relações públicas representam hoje uma profissão que é exercida de maneira global por milhares de pessoas. Agregam valor e são importantes não só para as organizações, mas para a sociedade. As organizações para alcançar seus objetivos se relacionam com os públicos estratégicos e precisam planejar e gerenciar esses relacionamentos pelo estabelecimento de políticas permanentes de relacionamento e de comunicação com todos eles.
Como se preocupam em estabelecer relacionamentos eficazes com os públicos de interesse necessitam do profissional de relações públicas como gestor da interatividade organização-públicos-sociedade. Por isso, a demanda por profissionais com competências permanentes no campo dos relacionamentos e da comunicação cresce e tende a constituir grande campo de trabalho em empresas nacionais, transnacionais, em áreas governamentais, diplomáticas e do Terceiro Setor (Responsabilidade Social Empresarial e projetos de sustentabilidade). Desse raciocínio, segue-se que a tendência é que as organizações contemporâneas valorizem em escala maior os profissionais de relações públicas como consultores de relacionamentos.
Na realidade, é preciso mudar o refrão. Para dar relevância, credibilidade e visibilidade às relações públicas, há necessidade de se criar grupos de trabalho que expliquem às organizações o que são e o que podem fazer para lhes agregar valor, e não continuar afirmando que as empresas as ignoram.

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